segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Volantes.



Os Volantes no Ataque!

Há alguns anos, "volante" era uma palavra associada a falta de ousadia, retranca, conformismo, medo... Enfim, no futebol principalmente virou sinônimo de derrota (basta lembrar a era Dunga do Sr. Lazaroni)
Então porque diabos uma banda coloca o nome de “Volantes”? Suicídio artístico?
Bom, pra saber a resposta eu fui ver um show dos caras outro dia e sinceramente, acho que os Volantes em questão estão mais pro esquete canarinho de 82, talvez 70 até do que os brucutus do futebol atual.
Assisti uma banda coesa, inspirada e ousada no jogo aéreo.
Cinco caras fáceis na noite de Porto Alegre cantam os prós e contras de se aventurar no amor. Eles respiram o post-punk e indie-dance da virada dos anos 80 para os 90 e acham que Wilco e Kraftwerk têm absolutamente tudo a ver. Reverb nas guitas, histeria nos synths e um tambor frenético para chocar os desavisados.
Durante meia hora e um set de seis músicas, muitas tabelas e jogadas ensaiadas.
Assistindo ao show se percebe uma quantidade acima da média de equipamentos no palco. Além da habitual bateria, baixo e guitarras que compõe a formação clássica das bandas de rock, os Volantes carregam para os shows uma parafernália que inclui kaosspad, laptop, mixer, processador em rack, três sintetizadores, kaossilator, um tambor, além dos quatorze pedais de efeitos para baixo, guitarras e synths. Sem contar a parte de cenário, que timidamente vai tentando achar espaço no palco.
A escalação e bem equilibrada. Bom entrosamento de letra e melodia, a subida dos laterais é bem suprida com uma zaga eficiente no baixo e bateria. O meio campo joga com categoria com sintetizadores e harmonias inteligentes de guitarra. E o ataque se mostra goleador nas excelentes “Um Pouco Disso” e “Vitória”.
O jogo não poderia terminar 0 a 0 depois de versos como: “Quanto tempo você quer, pra fazer mais charme até eu desistir? De ser um fim mais fácil, de achar que o meu abraço faz sentido pra ti...” (Cara, vou ligar agora pra aquela menina que ta fazendo jogo comigo e falar isso). Saca outro: “Basta você sorrir pra mim pra eu ficar perdido. Em questão de segundos quebrar meses de promessas, esquecer que existem outras pessoas nessa festa e cegamente achar que enfim chegou a nossa vez...” (Confesso, fracassei ontem nisso e não... não chegou a nossa vez).
O gol do título vem como a empolgante “Um Pouco Disso” e seu arranjo que vai te envolvendo até criar uma espécie de êxtase coletivo e neste momento, ainda que tu estejas no busão lotado indo pro colégio tu vai sair pulando como se estivesse na melhor rave da tua vida (ainda que tu nunca tenhas estado em uma pra saber como é).
Vai torcer por este time? Corre lá no myspace dos caras (www.myspace.com/volantesvolantes), ou leva uma grana a mais no próximo show dos caras e compra o CD de estréia e vai ser feliz. Vitória garantida.
Os Volantes não são de administrar o resultado. Jogam com ousadia e estão com a mão na taça! Golaço sonoro!

quarta-feira, 19 de março de 2008

Fernanda Takai.



O Brilho dos Olhos de Fernanda.

“Se alguém perguntar por mim diz que fui por aí levando um violão embaixo do braço...”.

A frase que abre o CD solo de Fernanda Takai “Onde Brilhem os Olhos Seus” parece profetizar o que este brilhante trabalho de releitura de um dos ícones da bossa nova representa.
Fernanda e sua voz suave, quase sussurrada, elegante, já eram o ponto marcante da excelente Pato Fu. Mas ao encarar com brilho e alma o projeto de reviver a obra de Nara Leão, ela parece ter se redescoberto.
A voz surge em meio a arranjos cuidadosamente pinçados com doses de modernidade, doçura, como uma tarde de outono, de temperatura amena. Daquelas que a gente assiste pela janela de casa, enquanto degustamos uma xícara de café bem quentinho. Com um sorriso no rosto. Satisfação.
Tudo surge na dose certa. Na medida e tempero corretos. Difícil eleger a melhor, a preferida, a que mais emociona ou encanta. A unidade é a receita do álbum!
Quer embalo de fim de tarde? “Com açúcar, Com afeto”.
Quer ternura? Delicadeza? “Insensatez” e “Diz Que Fui Por Aí”.
Quer mergulhar nos anos de ouro? “Odeon” e “Trevo de Quatro Folhas”
Mas é na ótima “Lindonéia” que ela traz sua melhor versão Nara Leão, ao mesmo tempo em que mostra sua melhor “Fernanda”. E essa é a melhor qualidade deste álbum de estréia (sim, porque proponho desde já um abaixo assinado para obrigá-la a nos brindar com tesouros assim de tempos em tempos), Fernanda revisitou Nara, absorveu sua genialidade, respirou suas cores, sabores e deu o seu toque, seu charme.
O resultado?
Imagine uma final de Copa do Mundo, Brasil e Argentina e uma estrondosa goleada dos canarinhos? Imaginou? Então...
Euforia, felicidade incalculável, êxtase?
Ponha o adjetivo que quiser e seja feliz!
A trilha sonora perfeita está aqui!

Confere: http://www.fernandatakai.wordpress.com/


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Céu.


Céu é o paraíso!

Ao ouvir a cantora e compositora Céu pela primeira vez, você se pergunta: “Meu Deus, como ainda não conhecia esta voz?”.
A exclamação se justifica, não só pela voz suave, aveludada, quase um sussurro, capaz de enfeitiçar ouvidos menos avisados, mas também pelo belo e sofisticado primeiro álbum desta paulista, conduzido pelo excelente Beto Villares. Céu mistura brasilidade ao jazz, transita na Mpb, como se fossem velhas amigas de infância, trazendo renovação e ainda mostra com maestria, como se faz a fusão disso tudo com ritmos africanos, transformando sua música, em algo tão amplo e universal, que rotulá-la seria diminuir-lhe o brilho!
Céu é para ser ouvida, sentida, uma dieta musical rica e balanceada em doses diárias de requinte e bom gosto.
A receita é simples:
Comece o dia com a leveza de “Roda”, de autoria da própria cantora e o clássico de Bob Marley, “Concrete Jungle”. Seu dia já começou melhor!
Bom, durante as próximas horas conceda doses generosas de “Malemolência” ( e o seu “menino bonito”) e a alto astral “Samba na Sola”. E a noite deixe-se levar pelo lirismo e o encanto de “Valsa para Biu Roque”
Ah! Não se preocupe com regras ou tempo de duração, pois esta receita de Maria do Céu é simples: Boa música faz bem aos ouvidos, alegra o coração e inebria a alma.
Ouça sem moderação!

Confere: www.myspace.com/ceuambulante


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Marina de La Riva.


E o Brasil encontrou Cuba!

Marina nasceu brasileira, mas respira ares cubanos, graças a rica mistura familiar (sua mãe é mineira e seu pai cubano, marina nasceu no Rio). Esta diversidade de cultura permitiu um desenvolvimento original, eclético e talentoso.
No seu primeiro CD Marina desfila com harmonia pelos ritmos caribenhos, namora com o baião, flerta com o samba, mas no fundo e o q importa a quem ouve e se delicia é estar diante de uma grande cantora com personalidade, bom gosto e que faz música universal.
Marina é do Brasil, de Cuba, do mundo!
A sua voz é calma, melodiosa e tem o dom de encantar já na primeira música, mas cabe destaque para “Te Amare y Despues”, num tom confessional, emotivo e que mostra todas as credenciais da cantora. Tem ainda a clássica Ta-hi (P´ra Você Gostar de Mim), que foi sucesso na voz de Carmem Miranda, doce, com ar primaveril como quem convida pra uma volta ao som dos pássaros, sentindo a brisa, o cheiro das flores ou o barulho do mar. Segue uma verão intimista do samba “Sonho Meu”, cantado com muita propriedade. “Mariposa” um bolero como há tempos não ouvia interpretado por uma cantora brasileira e “Tin Tin Deo” é uma rumba das melhores safras cubanas.
Aqui mais um ponto a favor de Marina. A escolha correta e minuciosa do seu repertório, sem cair no óbvio, surpreendendo com resgates de clássicos da década de 50! “Ojos Malignos” tem participação de Chico Buarque!
Difícil destacar algo que não seja a própria personalidade da cantora Marina de La Riva, que parece bater insistentemente à porta da MPB disposta a trazer novas cores e novos sabores, afinal nunca antes a ligação entre Brasil e Cuba foi tão musicalmente deliciosa.
2008 nasceu com a cara de uma nova musa da música popular. Carioca? Brasileira? Cubana? Não. Musical!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Paulinho Moska.


Rio de Janeiro, Setembro, dia 18.
A tarefa não é das mais fáceis...
Escrever sobre um cara de quem sou fã e de certa maneira influencia meu trabalho.
Mas desafio aceito, lá fui rumo a cidade maravilhosa ( sim, o Rio meus amigos, ainda é lindo mesmo e nem um apaixonado por Porto Alegre como eu deixa de torcer para que a cidade recupere sua segurança e bem estar), destino: Lapa, mais precisamente Estrela da Lapa, onde Paulinho Moska apresentaria seu “+ Novo de Novo”, recente CD e dvd gravados no Teatro Rival com um apanhado do que melhor produziu o artista.
Moska é daqueles caras que respira música, poesia, arte. Gosta do que faz, interage com o publico, tem brilho nos olhos, você sente o prazer do artista no palco. O jogo já começa 1 a 0 quando existe esta sinergia.
Logo de cara vem “Tudo Novo de Novo” com seu verso sintomático, “vamos começar colocando um ponto final...”, seguida de “Lágrimas de Diamantes”, onde surgem jogos de palavras como “à noite lágrimas de diamantes, de dia lágrimas, a noite amantes...”.
Vejo um cantor iluminado e com a simplicidade dos grandes artistas, vejo um público extasiado e feliz com o desfile de música e poesia. Seguem “Idade do Céu”, “Cheio de Vazio” onde Moska afirma que “o vazio é um meio de transporte pra quem tem coração cheio”, “Trampolim” e outras.
Com o jogo ganho, time entrosado (Nilo Romero, Christian Oyens e Humberto Barros, quase uma seleção brasileira da música), Moska ainda arremata a platéia com a belíssima “Admiração” com a participação do amigo e produtor Sacha Amback, outro selecionável, onde ele prova que falar de amor é bonito sim e não precisa ser piegas, em versos como “meus olhos famintos não se cansam de te acariciar, procuram sempre um novo ângulo pra te admirar e sonham mergulhar na tua boca de vulcão, provar todo o calor que há na sua erupção...” Deleite para os ouvidos e corações.
A sensação que fica ao deixar a Lapa depois de ouvi-lo e trocar algumas palavras com o cantor no camarim, é que existe um Brasil injusto, cego e capenga, com uma mídia alimentada com doses diárias de comida sem tempero, com prazo de validade vencido, quando não estragada e que ignora talentos como Paulinho Moska e outros de sua geração e qualidade. E ficamos a mercê de Calipsos e Latinos, achando que nossa música está perdendo o brilho.
Quer uma dica?
Vá a uma loja de discos. Peça pra ouvir “+ Novo de Novo” ou mesmo um dos 6 CDS anteriores de Moska ( Vontade, Pensar é Fazer Música, Contrasenso e o ótimo Móbile, além de Tudo Novo de Novo e Ao vivo) e descubra que a nossa música não perdeu o brilho, só precisamos tirar o pó para enxergar melhor as cores, a poesia, a melodia. Sim, o Brasil musical ainda é belo!
Obrigado Paulinho Moska.
A Lapa ficou iluminada naquela terça feira à noite.

Confere: www.paulinhomoska.com.br

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Dudu Nobre.


Pense nos mestres do samba...
Aqueles que você se acostumou a ouvir quando criança. Que mesmo quem não é do samba, sabe entoar algumas pérolas musicais..
Tem uma lista: Zeca, Martinho, Beth, Almir Guineto, Jorge Aragão, Fundo de Quintal, Jovelina e outros tantos e maravilhosos baluartes do samba.
Pois bem, pegue isso e acrescente modernidade e jeito moleque, sem perder a essência, talento refinado e bom gosto apurado. Chegamos a Dudu Nobre!

Este carioca nascido em Vila Isabel começou a arranhar os primeiros acordes aos 5 anos, com um cavaquinho dado pelo tio. Cresceu no meio dos mestres citados e muito cedo mostrou a que veio. Compositor talentoso, cantor de ginga e voz afiada e instrumentista competente, não demorou chamar a atenção.
Mesmo quem nunca ouviu Dudu, já ouviu sua obra nas vozes de Zeca Pagodinho, Beth Carvalho e outros, como a conhecida “Faixa Amarela”, sucesso de Zeca. Dudu também regravou o sucesso que abre todas as quintas o seriado “ A Grande Família”.
Sessenta composições depois, entre excursões com Zeca Pagodinho, com quem tocou por 6 anos, Dudu gravou seu primeiro cd no ano de 2000, produzido pelo produtor Rildo Hora ( este uma lenda do samba como produtor). Cabe lembrar que Dudu Nobre cursou Direito até o 5º semestre, até que um belo dia discutiu com o professor, pois este não quis mudar a data de uma prova que coincidia com uma excursão do músico. Azar do Direito, sorte da música e de todos nós que ganhamos um autêntico representante da mais fina flor do samba de roda.

De lá pra cá foram 4 cd´s e muitos e incontáveis sucessos e uma carreira que promete brilhar cada vez mais.
Quer se divertir e ficar de bem com a vida?
Prepare uma caipirinha, chame os amigos, aproveite o sol lá fora, arraste os móveis da sala, ponha Dudu Nobre ao Vivo, de 2004 ( BMG) no player. Comece com “Tempo de Don Don”, avance para “Mexe, Mexe, Bole Bole” e “Feliz da Vida”. Com o jogo ganho e a torcida feliz, dê o tiro de misericórdia com “A Grande Família”. Festa garantida e certeza de dias melhores. Seus amigos vão querer voltar com certeza.

Ahhh! Não agradeça a mim. Créditos ao talento de Dudu Nobre!

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

James Morrison.


Quem assistiu a novela global, "Paraíso Tropical", que terminou recentemente, deve recordar dos personagens Gilda e Gustavo.
Mas não se trata aqui de alguma reflexão do folhetim ou da astúcia do autor Gilberto Braga, até porque confesso estar entre uma minoria que não assistiu as peripécias de Antenor, Olavo, Bebel e cia. (sim, ainda que não tenha assistido não há como estar na face da terra e não saber os nomes dos personagens, já que para isso basta andar pelas ruas, comer em algum restaurante ou parar distraidamente numa banca de jornal).
Bom, mas não se trata aqui, como falei, de discorrer sobre os personagens acima citados, mas sim sobre a trilha sonora. Já que nosso papo aqui é música. Chegamos então no jovem James Morrison, 22 anos, nascido na cidade de Rugby, Inglaterra, ganhador do brit ward de melhor cantor de 2007 e dono do (talvez) hit do ano "You Give me Something". Um pop soul com um refrão irresistível e melodia saborosa.
James, é uma grata revelação da música, e traz consigo alguns ingredientes do grande artista. Começou a brincar com música aos 5 anos, autodidata, mergulhou no blues e no soul por influência de um tio, sofreu 4 acidentes sérios dos quais foi ressuscitado no hospital! e finalmente caiu nas graças do público ao lançar um elogiado cd de estréia chamado "Undiscovered".
Pouco?
"You Give me Something" é uma das músicas mais tocadas em players do mundo todo e transformou Morrison no queridinho da vez dos ingleses e porque não dizer do pop mundial. Vale a pena conferir o balanço sedutor de '"One Last Chance", onde ele canta "Eu tenho uma última chance para me encontrar..." ou a pulsante " Under the Influence" onde ele brada, " confio no seu coração e não preciso de mais nada..."
Encontramos assim um cantor capaz de resgatar o melhor de ícones do passado como Al Green ou Otis Reding. Alma, força e coração, em cada verso , cada melodia.
Veio pra ficar?
Vamos esperar os próximos capítulos!

Confere: www.jamesmorrisonmusic.com