quarta-feira, 19 de março de 2008

Fernanda Takai.



O Brilho dos Olhos de Fernanda.

“Se alguém perguntar por mim diz que fui por aí levando um violão embaixo do braço...”.

A frase que abre o CD solo de Fernanda Takai “Onde Brilhem os Olhos Seus” parece profetizar o que este brilhante trabalho de releitura de um dos ícones da bossa nova representa.
Fernanda e sua voz suave, quase sussurrada, elegante, já eram o ponto marcante da excelente Pato Fu. Mas ao encarar com brilho e alma o projeto de reviver a obra de Nara Leão, ela parece ter se redescoberto.
A voz surge em meio a arranjos cuidadosamente pinçados com doses de modernidade, doçura, como uma tarde de outono, de temperatura amena. Daquelas que a gente assiste pela janela de casa, enquanto degustamos uma xícara de café bem quentinho. Com um sorriso no rosto. Satisfação.
Tudo surge na dose certa. Na medida e tempero corretos. Difícil eleger a melhor, a preferida, a que mais emociona ou encanta. A unidade é a receita do álbum!
Quer embalo de fim de tarde? “Com açúcar, Com afeto”.
Quer ternura? Delicadeza? “Insensatez” e “Diz Que Fui Por Aí”.
Quer mergulhar nos anos de ouro? “Odeon” e “Trevo de Quatro Folhas”
Mas é na ótima “Lindonéia” que ela traz sua melhor versão Nara Leão, ao mesmo tempo em que mostra sua melhor “Fernanda”. E essa é a melhor qualidade deste álbum de estréia (sim, porque proponho desde já um abaixo assinado para obrigá-la a nos brindar com tesouros assim de tempos em tempos), Fernanda revisitou Nara, absorveu sua genialidade, respirou suas cores, sabores e deu o seu toque, seu charme.
O resultado?
Imagine uma final de Copa do Mundo, Brasil e Argentina e uma estrondosa goleada dos canarinhos? Imaginou? Então...
Euforia, felicidade incalculável, êxtase?
Ponha o adjetivo que quiser e seja feliz!
A trilha sonora perfeita está aqui!

Confere: http://www.fernandatakai.wordpress.com/


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Céu.


Céu é o paraíso!

Ao ouvir a cantora e compositora Céu pela primeira vez, você se pergunta: “Meu Deus, como ainda não conhecia esta voz?”.
A exclamação se justifica, não só pela voz suave, aveludada, quase um sussurro, capaz de enfeitiçar ouvidos menos avisados, mas também pelo belo e sofisticado primeiro álbum desta paulista, conduzido pelo excelente Beto Villares. Céu mistura brasilidade ao jazz, transita na Mpb, como se fossem velhas amigas de infância, trazendo renovação e ainda mostra com maestria, como se faz a fusão disso tudo com ritmos africanos, transformando sua música, em algo tão amplo e universal, que rotulá-la seria diminuir-lhe o brilho!
Céu é para ser ouvida, sentida, uma dieta musical rica e balanceada em doses diárias de requinte e bom gosto.
A receita é simples:
Comece o dia com a leveza de “Roda”, de autoria da própria cantora e o clássico de Bob Marley, “Concrete Jungle”. Seu dia já começou melhor!
Bom, durante as próximas horas conceda doses generosas de “Malemolência” ( e o seu “menino bonito”) e a alto astral “Samba na Sola”. E a noite deixe-se levar pelo lirismo e o encanto de “Valsa para Biu Roque”
Ah! Não se preocupe com regras ou tempo de duração, pois esta receita de Maria do Céu é simples: Boa música faz bem aos ouvidos, alegra o coração e inebria a alma.
Ouça sem moderação!

Confere: www.myspace.com/ceuambulante


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Marina de La Riva.


E o Brasil encontrou Cuba!

Marina nasceu brasileira, mas respira ares cubanos, graças a rica mistura familiar (sua mãe é mineira e seu pai cubano, marina nasceu no Rio). Esta diversidade de cultura permitiu um desenvolvimento original, eclético e talentoso.
No seu primeiro CD Marina desfila com harmonia pelos ritmos caribenhos, namora com o baião, flerta com o samba, mas no fundo e o q importa a quem ouve e se delicia é estar diante de uma grande cantora com personalidade, bom gosto e que faz música universal.
Marina é do Brasil, de Cuba, do mundo!
A sua voz é calma, melodiosa e tem o dom de encantar já na primeira música, mas cabe destaque para “Te Amare y Despues”, num tom confessional, emotivo e que mostra todas as credenciais da cantora. Tem ainda a clássica Ta-hi (P´ra Você Gostar de Mim), que foi sucesso na voz de Carmem Miranda, doce, com ar primaveril como quem convida pra uma volta ao som dos pássaros, sentindo a brisa, o cheiro das flores ou o barulho do mar. Segue uma verão intimista do samba “Sonho Meu”, cantado com muita propriedade. “Mariposa” um bolero como há tempos não ouvia interpretado por uma cantora brasileira e “Tin Tin Deo” é uma rumba das melhores safras cubanas.
Aqui mais um ponto a favor de Marina. A escolha correta e minuciosa do seu repertório, sem cair no óbvio, surpreendendo com resgates de clássicos da década de 50! “Ojos Malignos” tem participação de Chico Buarque!
Difícil destacar algo que não seja a própria personalidade da cantora Marina de La Riva, que parece bater insistentemente à porta da MPB disposta a trazer novas cores e novos sabores, afinal nunca antes a ligação entre Brasil e Cuba foi tão musicalmente deliciosa.
2008 nasceu com a cara de uma nova musa da música popular. Carioca? Brasileira? Cubana? Não. Musical!